Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as joias.
E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.
Marina Colassanti
Sejam bem vindos(as) !
Esperamos que neste ambiente, novas práticas de leitura e escrita surjam, impregnadas de criatividade e prazer. E que o mundo das letras possa ser analisado, compreendido e transformado ...
S@ndr@
Esperamos que neste ambiente, novas práticas de leitura e escrita surjam, impregnadas de criatividade e prazer. E que o mundo das letras possa ser analisado, compreendido e transformado ...
S@ndr@
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Sapo ou Príncipe?
Você ainda sonha com um príncipe encantado?
Responda depois de ler esta crônica!!!
Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de autoestima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
Luís Fernando Veríssimo
Responda depois de ler esta crônica!!!
Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de autoestima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
Luís Fernando Veríssimo
0 MICO DO ANO
O que dizer daquelas festas de interior que só acontecem uma vez por ano nas comunidades?
Para quem vive isolado da cidade, trabalhando na roça, festar é uma boa oportunidade de sair da obscuridade e conhecer novos amigos.
Mas não é bem isso que acontece. Na maioria das vezes, essa é uma ocasião de ”pagar mico”.
Estamos eu e a minha melhor amiga encostadas num canto como se estivéssemos com medo de gente. De repente, um garoto se aproxima e pergunta:
- Você quer dançar?
Eu respondo ansiosa:
- É claro!
Ele, sem graça,diz:
- Eu estou convidando sua amiga!
Olho ao redor para ver se ninguém presenciou a cena. É claro que muitos viram, mas ninguém teve coragem de rir!
Que mico!
É... não foi dessa vez...
Vou voltar para casa sem namorado.
Josélia Borcate
Para quem vive isolado da cidade, trabalhando na roça, festar é uma boa oportunidade de sair da obscuridade e conhecer novos amigos.
Mas não é bem isso que acontece. Na maioria das vezes, essa é uma ocasião de ”pagar mico”.
Estamos eu e a minha melhor amiga encostadas num canto como se estivéssemos com medo de gente. De repente, um garoto se aproxima e pergunta:
- Você quer dançar?
Eu respondo ansiosa:
- É claro!
Ele, sem graça,diz:
- Eu estou convidando sua amiga!
Olho ao redor para ver se ninguém presenciou a cena. É claro que muitos viram, mas ninguém teve coragem de rir!
Que mico!
É... não foi dessa vez...
Vou voltar para casa sem namorado.
Josélia Borcate
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